sábado, 13 de abril de 2019

A Capital e o Capital


A capital e o capital

“Menos Brasília e mais Brasil” foi um dos lemas das ultimas eleições presidenciais, reivindicado por economistas liberais e que se tornou palavra de ordem do governo vitorioso do momento. Mas será que esse lema de governo reflete a realidade? Será que em um país imenso como o nosso, dominado internacionalmente por países muito ricos e poderosos e com uma elite alinhada com os interesses externos, pode ter um Estado mínimo? A questão não é de tamanho, o que é fundamental é que o Estado capitalista é mecanismo fundamental no funcionamento da sociedade, e como vivemos na sociedade dominada pelo dinheiro, o Estado deve ser o protetor maior daqueles que têm riqueza e capital acumulados.
O capitalismo depende do Estado, e mais ainda, o Estado, enquanto centro do poder, depende do capital para se manter. “Menos Brasília e Mais Brasil” significa que uma parcela dos capitalistas rejeitam o que estes identificam como “excessiva participação do Estado na economia”. Contra este mal, advogam pela diminuição das leis trabalhistas, defendem a eliminação das políticas de assistência social para todas as pessoas (desde o fim da previdência pública) substituindo pela assistência restrita aos grupos mais miseráveis, planejam a venda das empresas estatais lucrativas e sustentam a necessidade somente da política monetária (com o valor do real fraco frente ao dólar e com o pagamento da dívida pública) como delimitação das fronteiras de ação do Estado.
Ah, íamos esquecendo, reforçar a segurança, outro eixo de ação do Estado, pois estes capitalistas preveem a intensificação do conflito social e da revolta de cada vez mais pessoas. Assim, contrasta a intervenção mínima do Estado com o crescimento da capacidade repressiva do Estado (gastos com pessoal, treinamento, armamento, instalações, etc.), tornando-se mais forte para reagir contra a repressão, sendo uma força máxima de defesa dos interesses dos capitalistas. Estado mínimo, mas Estado forte, pequeno na frente do capital, e gigante em frente da população. É por isso que os militares vão escapando da reforma da previdência, e não poderia deixar de ser mais óbvio.