A capital e o capital
“Menos Brasília e mais Brasil” foi um dos
lemas das ultimas eleições presidenciais, reivindicado por economistas liberais
e que se tornou palavra de ordem do governo vitorioso do momento. Mas será que
esse lema de governo reflete a realidade? Será que em um país imenso como o
nosso, dominado internacionalmente por países muito ricos e poderosos e com uma
elite alinhada com os interesses externos, pode ter um Estado mínimo? A questão
não é de tamanho, o que é fundamental é que o Estado capitalista é mecanismo
fundamental no funcionamento da sociedade, e como vivemos na sociedade dominada
pelo dinheiro, o Estado deve ser o protetor maior daqueles que têm riqueza e
capital acumulados.
O capitalismo depende do Estado, e mais
ainda, o Estado, enquanto centro do poder, depende do capital para se manter. “Menos
Brasília e Mais Brasil” significa que uma parcela dos capitalistas rejeitam o
que estes identificam como “excessiva participação do Estado na economia”.
Contra este mal, advogam pela diminuição das leis trabalhistas, defendem a
eliminação das políticas de assistência social para todas as pessoas (desde o
fim da previdência pública) substituindo pela assistência restrita aos grupos
mais miseráveis, planejam a venda das empresas estatais lucrativas e sustentam
a necessidade somente da política monetária (com o valor do real fraco frente
ao dólar e com o pagamento da dívida pública) como delimitação das fronteiras
de ação do Estado.
Ah, íamos esquecendo, reforçar a
segurança, outro eixo de ação do Estado, pois estes capitalistas preveem a
intensificação do conflito social e da revolta de cada vez mais pessoas. Assim,
contrasta a intervenção mínima do Estado com o crescimento da capacidade
repressiva do Estado (gastos com pessoal, treinamento, armamento, instalações,
etc.), tornando-se mais forte para reagir contra a repressão, sendo uma força
máxima de defesa dos interesses dos capitalistas. Estado mínimo, mas Estado
forte, pequeno na frente do capital, e gigante em frente da população. É por
isso que os militares vão escapando da reforma da previdência, e não poderia
deixar de ser mais óbvio.